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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A chupeta nasce com o bebé?



A sucção é um reflexo do bebé desde o útero materno e pode ser observado através de ecografias, que mostram alguns bebés chuchando o dedinho. Esse reflexo é vital para o crescimento e desenvolvimento psíquico do bebé.

A criança, especialmente em seu primeiro ano de vida, tem uma necessidade fisiológica de sucção. Além da amamentação, que garante a sua sobrevivência, a sucção também promove a liberação de endorfina, que produz um efeito de modulação da dor, do humor e da ansiedade, provocando uma sensação de prazer e bem-estar ao bebé.

A amamentação é suficiente para satisfazer o desejo básico de sucção do bebé, desde que ele mame exclusivamente na mama da mãe o ofereça sempre que o bebé quiser. É importante enfatizar que a sucção do bebé ao mamar o leite materno é completamente diferente do puxar de um biberon ou chupeta. Mamar na mama é muito importante para o desenvolvimento da mandíbula e demais ossos da face, dos músculos da mastigação, da oclusão dentária e da respiração de forma adequada.

O uso da chupeta vem sendo passado de geração a geração, constituindo-se num frequente hábito cultural e, pelo seu preço reduzido, é bastante acessível a toda população.



Como surgiram as chupetas?


A chupeta surgiu da vontade de dar aos bebés alguma coisa que eles pudessem chuchar com segurança - evoluiu a partir de mordedores que se usavam quando os dentes estavam a nascer e de chocalhos com pontas arredondadas. Hoje o padrão é elas terem um bico de silicone ou de látex, e uma parte de plástico ou de silicone que fica do lado exterior da boca, além de uma espécie de alça. As chupetas de látex são mais macias e flexíveis que as de silicone, mas não têm a mesma durabilidade. Chupetas modernas são seguras - são fáceis de esterilizar e a parte externa é projetada para que o bebé não engula o bico nem se engasgue.

Há chupetas ortodônticas, projetadas com um formato especial para não prejudicar a formação dos dentes (leia sobre as desvantagens do uso de chupetas abaixo para saber mais sobre a influência da chupeta na dentição).



Vantagens do uso da chupeta

  • Trata-se de um calmante imediato do choro
  • Alguns estudos evidenciaram possível efeito protetor contra morte súbita, desde que seja introduzida após a terceira semana de vida ou com a amamentação já estabelecida e utilizada apenas durante o sono (recomendação oficial da Academia Americana de Pediatria - AAP).


Reduz o risco de morte súbita?



Alguns dados sugerem que o uso da chupeta possa ter uma ação protetora contra a síndrome da morte súbita do lactente, um fenómeno muito raro que leva os bebés à morte durante o sono, sem explicação médica.
 
Um estudo publicado no British Medical Journal analisou o uso de chupetas por vítimas da síndrome e concluiu que a presença da chupeta estava associada a um risco menor, especialmente quando havia outros fatores de risco, como dormir de bruços, dormir com muita roupa de cama ou dormir na mesma cama com uma mãe que seja fumadora (mesmo que não fume no quarto). De acordo com o estudo, chuchar o dedo também teve influência positiva. Os autores ressaltaram, porém, que os dados ainda são preliminares e precisam de confirmação. Para eles, há duas explicações possíveis para o efeito protetor. Uma é que a parte externa da chupeta ajude a manter o nariz e a boca do bebé longe das cobertas, e outra é que o ato de chuchar, melhore o controle das vias aéreas superiores. Outros especialistas acreditam que bebés que usam chupeta têm mais a atenção dos pais durante a noite, porque eles vão colocando a chupeta na boca da criança, e que essa atenção é que tenha prevenido a síndrome.


Mas esses dados não são suficientes para justificar o uso da chupeta. 


Desvantagens do uso da chupeta 

  • Deformação dentária - o uso prolongado de chupeta e o costume de chuchar no dedo podem causar problemas no desenvolvimento dos dentes, principalmente se a criança ainda tiver o hábito quando os dentes definitivos já estiverem a nascer. Esses problemas costumam exigir o uso de aparelhos dentários. 
  • Prejuízo à amamentação - existem dados comprovados que mostram que mulheres que dão chupetas aos bebés têm maior probabilidade de desmamar os filhos mais cedo, do que mulheres que não dão a chupeta. 
  • Otites - existe uma relação comprovada entre o uso prolongado de chupeta e otites médias, ou seja, infeções de ouvido. Não se sabe exatamente se a relação é de causa direta - pode ser que esteja relacionada a outros fatores, mas é preciso levar a relação estatística em conta. Acredita-se que o uso da chupeta aumente a propensão da migração de infeções para a trompa de Eustáquio (a passagem oca que liga o ouvido médio e a garganta). Para evitar esse tipo de problema, limite o uso da chupeta à hora de dormir. 
  • Infeções em geral - o uso da chupeta já foi estatisticamente associado a um risco maior da presença de sintomas como vómitos, febre, diarreia e cólica. A explicação não é clara, mas, para garantir, esterilize-a com frequência e ande com uma limpa de reserva para o caso de, a que a criança estiver usar, cair no chão. 
  • Problemas da fala - o uso da chupeta impede os bebés de emitir sons do tipo "gugu-dadá", "agu", que são uma etapa importante do processo de aprender a falar. Em crianças maiores, reprime a fala, inibindo o desenvolvimento da linguagem, mantém a boca da criança numa posição pouco natural, dificultando o desenvolvimento dos músculos, da língua e dos lábios, explica a especialista norte-americana Patricia Hamaguchi, autora de um livro sobre a fala ("Childhood, speech, language, and listening problems: What every parent should know"). Esse tipo de problema é amenizado se o uso da chupeta ficar limitado à hora do sono.



Há muita controvérsia em torno da relação causal entre a chupeta e o fim da amamentação. Um dos argumentos é que talvez as mães recorram à chupeta justamente porque estejam com problemas no aleitamento materno ou porque não queiram amamentar. Segundo outra linha de raciocínio, o uso de bicos diferentes (mama e chupeta ou biberão) pode causar confusão no bebé, dificultando a amamentação. Há também quem argumente, com estudos comprovados, que, como o bebé chucha a chupeta e não a mama, esta é menos estimulada causando a redução na produção de leite.



Seja qual for o motivo, o uso diário da chupeta está ligado à interrupção da amamentação antes dos 3 meses de idade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam que as mulheres dêem apenas a mama aos filhos durante os primeiros seis meses, a chamada amamentação exclusiva, para que eles recebam os enormes benefícios do leite materno.


Outro dado interessante é que muitas vezes bebés amamentados se recusam a pegar a chupeta ou qualquer outro tipo de bico. Se isso acontecer com seu o filho, não é necessário forçar. O biberão pode ser substituído por copo, colher ou seringa.



Se optar por oferecer a chupeta...



  • Use chupetas adequadas para a idade do bebé (procure informações na embalagem).
  • Mantenha as chupetas sempre limpas - esterilize-as com frequência, pelo menos nos primeiros três meses do bebé.
  • Troque a chupeta se notar que ela está desgastada, furada ou pegajosa.
  • Nunca mergulhe a chupeta em alimentos doces, para fazer o bebé parar de chorar. Esse costume pode provocar cáries. O Aero Om, líquido rosa muito usado para acalmar os bebés, também é doce. Converse sempre com o pediatra antes de usá-lo.
  • Limite o uso da chupeta ao estritamente necessário, como a hora de dormir. O uso prolongado de chupetas está relacionado à ocorrência de otites médias e outros problemas (consulte o item Desvantagens acima).
  • Espere que o bebé “peça” a chupeta, em vez de colocá-la na boca dele automaticamente.
  • Tente tirar o hábito de chuchar chupeta o quanto antes, e esforce-se ao máximo para que o costume já tenha sido abandonado de vez quando os dentes definitivos estiverem para nascer (por volta dos 6 anos). O mais comum é os pais começarem a pensar em tirar a chupeta por volta dos 2 anos, mas você pode fazer isso mais cedo, até antes de 1 ano. A necessidade de sucção é muito maior nos primeiros meses, depois os interesses do bebé voltam-se para outros sentidos e vale a pena aproveitar a deixa para acabar com o hábito.
  • Não deixe que o uso da chupeta se torne um vício para o bebé, especialmente durante o dia. Você controla a chupeta, não ele. Não a deixe à disposição e evite usar cordinhas para prender a chupeta à roupa. Não é demais repetir: limite o uso para quando ele for absolutamente necessário.
 
Dicas para deixar a chupeta



O seu filho está sempre ou quase sempre de chupeta na boca? Você acha que ele já está grandinho para a chupeta? Experimente essas ideias para acabar com o hábito:

  • Vá diminuindo aos poucos os períodos em que permite o uso da chupeta.
  • Restrinja a chupeta a momentos críticos do dia, como a hora de dormir ou quando seu filho está doente. Seja firme.
  • Reforce a ideia de que crianças mais velhas não usam chupeta - elas adoram se sentir mais crescidas.
  • Incentive a criança a dar  todas as chupetas a alguém, como o Pai Natal, e menino Jesus ou o coelhinho da Páscoa, e depois de dar, não volte atrás. Se não houver nenhuma data apropriada próxima, pode inventar a "fada da chupeta", que deixa um presentinho em troca.
  • Converse com outros pais para saber que estratégias eles usaram. Há quem faça, por exemplo, um furinho na chupeta, prejudicando a sucção, e diga ao filho que a chupeta se estragou.
  • Identifique os sinais de que seu filho está pronto para largar a chupeta e aproveite o momento. Durante uma constipação, é comum que a criança rejeite a chupeta, pois precisa respirar pela boca por causa do nariz entupido. Se isso acontecer, tire as chupetas de vista e espere. Quando seu filho pedir a chupeta, não dê imediatamente. Pode ser que ele largue o hábito naturalmente.
  • Invista na rotina da hora de dormir: anuncie uma mudança (um bichinho novo, a mudança do berço para a cama, um novo hábito, de ouvir música ou contar histórias de um livro, por exemplo), e explique que na nova rotina - de criança grande - não há espaço para a chupeta. O entusiasmo com a novidade pode ajudar.
  • Para ajudá-lo, fique de olho e, quando ele quiser a chupeta, providencie algo para substituí-la. Se ele usa a chupeta quando está aborrecido, ofereça alguma atividade mais interessante, como um livro para folhear, ou faça caretas engraçadas para distraí-lo.
  • Se tende a colocar a chupeta na boca quando está preocupado ou a sentir-se inseguro, ajude-o a explicar o que está a sentir. Faça perguntas para descobrir o que está a acontecer e conforte-a de outra forma - com beijos e abraços, por exemplo.
  • Para encorajar o seu filho, elogie quando ele conseguir ficar sem a chupeta. Você também pode controlar o uso, e deixar que ele a use só à noite ou na hora de dormir. Esforce-se para não oferecer a chupeta, se ele não pedir, não dê, mesmo que ele esteja acostumado a dormir com ela.
  • Experimente usar um calendário para anotar os dias em que o seu filho não usou a chupeta. Cada um destes dias, marque com um adesivo colorido ou como uma estrelinha dourada. Quando ele completar uma semana sem chupeta, dê-lhe um prémio, como um passeio, uma brincadeira a dois ou presentinhos simples, não dê doces, bebidas ou comidas pouco saudáveis.


Mas até o seu filho 
deixar definitivamente a chupeta, 
seja paciente.


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